10 de out. de 2008

Sobre o tempo II (ou Metamorfose ambulante)

Quem me conhece sabe o quanto eu sou ligado em música. Eu gosto de vários estilos, cada um a sua hora, mas o trio baixo-guitarra-bateria é definitivamente o que mais me encanta. Eu fico fissurado ("fissurado" é uma expressão que se usa fora do RS?) quando vejo uma banda tocando, principalmente quando é alguma música que eu gosto ou que marcou algum momento em especial ou que me faz lembrar de alguém. E quem me conhece também sabe que eu não tenho muita atração pelas músicas nacionais. Isso não é nenhum tipo de preconceito com as bandas tupiniquins, só não gosto muito do que vem acontecendo com a música no Brasil. Eu gosto, sim, das bandas e músicas mais antigas, como o Titãs no Cabeça Dinossauro, lááá dos idos de 1980 e vários, e sempre me perguntei o que foi que aconteceu com essa banda que fez os integrantes se transformarem tanto, a ponto de ser irreal a chance de ir a um show e ver a banda tocando Polícia, por exemplo.

E eis que, no dia que cheguei em Vitória, teve um show na cidade do Titãs junto com Paralamas (que comigo nunca fez tanto sucesso assim). Tá, beleza. E eis que, no vôo que peguei rumo a Vitória, estavam Charles Gavin e Tony Bellotto. E eis que coincidentemente o Charles Gavin estava sentado na poltrona ao lado da minha. "Tá, beleza" pensei eu, "vou conversar com o cara." Só que eu sou um apreciador de nuvens e o céu naquele dia estava pedindo pra eu me perder em pensamentos olhando as nuvens e, além disso, outros dois caras (muito malas, por sinal) engataram o cara numa conversa da qual ele não conseguia se desvencilhar. E a tagarelice contínua impediu que eu conseguisse mergulhar fundo nos meus pensamentos por muito tempo e, entre um período e outro de consciência, eu ouvia conversas sobre a diferença entre o Malbec chileno e o Cabernet Sauvignon argentino, sobre cavalos mangalarga e árabe, e por aí vai. E foi então que a minha dúvida foi esclarecida, descobri o que aconteceu com os caras que fez eles mudarem tanto de estilo. Foi o tempo. Foi isso que fez o Titãs do Cabeça Dinossauro se tansformar no que é hoje e, provavelmente, foi um dos fatores que fez o Nando Reis sair da banda. E foi depois de entender isso que eu passei a não mais me indignar com o fato de eles terem se tornado uma banda de clichês.

Agora, eu só não gosto mais e pronto. Mas continuo gostando do Titãs que não existe mais, o Titãs de Bichos Escrotos e AA UU. Pelo menos, essas músicas me empolgam.

2 comentários:

Katemari disse...

Aguarde!
Ele passa pra todo mundo.
:-p

Cissa disse...

Dani, brigada pela força! Foi bem difícil quando minha irmã me ligou pra contar que a Chiquinha tinha morrido... só quem tem bichos sabe o amor que a gente dedica a essas criaturinhas.

Beijos
Cissa